The Hitmaker - a guitarra sem a qual não posso viver
O dia de hoje começou como um dos melhores dias da minha vida... e este ano está repleto de muitos desses dias. Mas este era ainda mais especial porque estava a escassos passos de obter uma outra guitarra exactamente igual à minha estimada Fender Stratocaster de 1959, que tem o apelido The Hitmaker porque foi tocada em muitos êxitos.
Às 8:00 da manhã, o Paul Waller, mestre construtor de guitarras na Fender Guitars, chegou ao meu apartamento em Nova Iorque para programar as últimas etapas do longo percurso quem tem sido o da criação de uma réplica da minha guitarra. Foi meticuloso. Depois de medir cada parte do instrumento, disse, "Nunca vi uma guitarra assim. Está de tal forma fora das especificações que, hoje em dia, nunca passaria a inspecção". Prometeu-me que a próxima versão seria exactamente igual ao meu único exemplar.
Após duas horas de inspecção contínua, ele foi-se embora e eu fui para uma reunião com os elementos da mesa de presidência dos Grammy. Depois da reunião, apanhei o comboio/trem Metro North da 1:08 da tarde, na estação Grand Central, que pára em Westport, Connecticut onde tenho o meu estúdio.
Durante a viagem, recebi uma chamada de uma amiga que me falou dos seus problemas e triunfos com o cancro/câncer. Estava tão concentrado na nossa conversa que quase deixei passar a minha estação. Corri para fora do comboio/trem e apanhei um táxi para casa. Quando cheguei a casa, apercebi-me que tinha deixado a minha guitarra no comboio/trem. Fui instantaneamente tomado pelo Medo, porque sabia que nunca mais veria a minha guitarra. Senti-me como um pai que perdeu o filho. Fiquei aterrorizado.
Esta é a guitarra sem a qual não posso viver. Nunca me desapontou. Foi tocada em tantos discos, em tantos concertos e até me confortou após a morte do Bernard Edwards, que fundou a banda CHIC comigo. Encontrei o seu corpo sem vida do outro lado do corredor do meu quarto de hotel. A perda da minha guitarra fez-me sentir o mesmo tipo de Medo. Medo paralizante. Medo devastador.
Durante alguns momentos, não consegui pensar direito. Meti-me no carro e decidi tentar apanhar o comboio/trem que, por esta altura, já estava a quilómetros de distância. Fui até New Haven, que é o final da linha. Contei a minha história ao vendedor de bilhetes que estava de serviço. Ele percebeu que eu estava prestes a ter um colapso nervoso e foi compreensivo, mesmo sem me conhecer de lado nenhum. Uma boa alma. Chama-se Bob.
Durante as 2 horas e meia seguintes o Bob investigou todos os cenários possíveis mas não estávamos a conseguir nada. Enquanto o Bob continuava a tentar solucionar o problema com todos os recursos à sua mão, eu tentei recrutar alguns polícias que trabalham para a Amtrak... mas como parece que não têm nada a ver com a Metro North, o esforço foi inútil.
De repente, vi um polícia solitário que não tinha o uniforme da Amtrak. Mostrei-o ao Bob. Corremos atrás dele e conseguimos a sua atenção. Chamava-se Capitão McKenna. Outra boa alma! Começou a fazer telefonemas. Toda a gente com quem ele falava perguntava, "É sobre a guitarra?" Por esta altura, eu e o Bob já tínhamos falado com toda a gente da Autoridade de Trânsito Metropolitano.
Quando o meu problema parecia estar a terminar de forma trágica, o Captitão KcKenna decidiu tentar mais uma coisa antes de ter que ir buscar a filha de 7 anos. Enfiámo-nos no seu carro de polícia e fomos até à zona do parque de carruagens. O turno estava a mudar e um dos rapazes disse, "Ei, vamos tentar ver aqui".
E ali estava ela... dentro do seu saco, deitada ao lado de um skate. Um nano-segundo mais tarde foi o júbilo, a alegria e uma gratidão extrema no meu coração.
O percurso da vida não se faz por uma linha direita. O meu dia começou maravilhosamente bem, transformou-se em total devastação e depois em total celebração.
Fui para casa e reflecti.
Desde que fui atacado pelo cancro/câncer no final de 2010, tenho reflectido muito. Sim, tenho sentido medo durante esta jornada, mas a esperança permaneceu - é a minha natureza. Há uma lição de vida nisto. Por um momento, perdi toda a esperança, e quando perco a esperança, fico com medo.
Hoje Soube O Que É Ter Medo.
(Obrigado a todos, desde o Bob e o Capitão McKenna - até aos inúmeros polícias e funcionários atenciosos da ATM - que levaram a The Hitmaker hoje até ao parque de carruagens.)
Às 8:00 da manhã, o Paul Waller, mestre construtor de guitarras na Fender Guitars, chegou ao meu apartamento em Nova Iorque
O Paul foi meticuloso
O Paul fotografou todas as partes da minha guitarra
Tentei não o distrair enquanto ele inspeccionava a minha guitarra
Depois de medir todas as partes do instrumento, ele disse, "Nunca vi uma guitarra como esta"
Prometeu-me que a próxima versão seria exactamente igual ao meu exemplar único
Depois da reunião, apanhei o comboio/trem Metro North da 1:08 da tarde, na estação Grand Central, que pára em Westport, Connecticut
Esta é a guitarra sem a qual não posso viver
O Bob da ATM é uma boa alma e investigou todos os cenários possíveis
Quando olhei para estas carruagens estava prestes a perder toda a esperança
Enfiámo-nos no carro de polícia do Capitão McKenna e fomos até à zona do parque de carruagens
Ali estava a The Hitmaker dentro do seu saco deitada ao lado de um skate
Fui para casa e reflecti. Sentado no meu terraço, reparei que nunca tinha visto o lago com esta cor. O dia de hoje acabou maravilhosamente bem, apesar de poder ter terminado tragicamente.